O que acontece no treinamento intensivo de um cão - Parte 2.

Pessoal, vamos continuar a jornada do treinamento intensivo do cão Mega, com a empresa Julie’s K9 Academy, que mencionei no último artigo. Dessa vez vamos ver o que aconteceu nos próximos 4 dias e como ele está progredindo gradativamente para ser um cão mais tranquilo e conseguir desempenhar seu trabalho com mais serenidade.

Treinamento Dia 5:

Nessa etapa podemos ver como ele já progrediu nas caminhadas. Antes ele era bem mais impulsivo, estava sempre alerta, não tinha qualquer referência no condutor, marcava constantemente e andava sempre um pouco mais à frente da pessoa.

Dessa vez já podemos ver ele bem mais focado na atividade, sem tentar passar na frente da pessoa, sem tentar cheirar o chão ou se distrair com o que acontece à seu redor e agora já na posição correta, ao lado da perna do condutor.

Treinamento Dia 6:

O trabalho nessa fase é colocar o cão em situações diferentes, mais próximos à outros cães, para que ele aprenda a ignorá-los, sem necessariamente estar num exercício como o place. Essa prática é muito útil quando consideramos a vida de um cão incluso no roteiro de uma pessoa que circula em ambientes diferentes, como é o caso da dona dele.

Nessa situação existe um outro cachorro no place e ele foi apenas colocado na situação, próximo ao outro cão, sentado. Durante esse treino o que é pedido dele é: ignore o outro cachorro, completamente. Qualquer olhar de curiosidade é corrigido com o estímulo da E-Collar. Isso garante que o cão compreenda com clareza o que é esperado dele nessa situação.

Treinamento Dia 7:

Nessa etapa, um dos exercícios muito bacanas de trabalhar é o “place to place”, que nada mais é do que usar duas superfícies separadas para o exercício do place, e mover o cão de uma para outra. Porque esse exercício é tão válido? Porque à longo prazo você vai querer mandar o seu cão para o place à distância, sem precisar fisicamente conduzi-lo até lá. Além disso, esse exercício garante mais uma camada de aprendizado de comunicação com a E-Collar, aonde o cão passar a associar o sinal do colar com o comando verbal.

Além disso, nessa etapa é possível trabalhar os pequenos detalhes desse exercício, como manter a cabeça no chão, não ficar cheirando ou girando no local. Mega é um cão que adquiriu o hábito de girar o tempo todo. Manter ele parado, sem movimentos enquanto ele está no exercício, é uma forma de ajuda-lo a relaxar.

Durante o exercício também é possível diversificar fazendo algumas repetições de recall (chamar o cão de volta para o condutor) e mantendo o cão focado, com contato visual na chegada. Para garantir isso, um leve estímulo na E-Collar é o suficiente. Dentro desse exercício podemos ver que ela pede pra ele esperar, se afasta e corrige quando ele tenta começar a cheirar o chão. Porque? Porque esse é outro gatilho para um comportamento de distração, que leva à outros problemas.

Vejam como o processo é bem detalhado no sentido de corrigir todos os pequenos momentos aonde ele começa a cheirar qualquer superfície. Isso é de extrema relevância para construir o real comportamento de calma do cachorro em situações sociais, aonde novos cheiros sempre vão fazer parte do contexto.

Treinamento Dia 8:

Esse é um vídeo muito legal que mostra uma situação super comum, que todos os cães passam, mas primordialmente cães de serviço como Mega - a aproximação de pessoas estranhas querendo tocar e interagir com o cão. Claro que nós sempre devemos advogar por nossos cães e garantir seu espaço, não permitindo que as pessoas coloquem as mãos neles, mas, realisticamente falando, em algum momento isso vai acontecer.

Pensando nisso, Josh explica como trabalhar o cão para que ele ignore essa aproximação, por mais tentadora que ela seja. Nesse exercício, a idéia é trazer pessoas diferentes que sirvam como estranhos que tentam se aproximar do cão. Os testes são variados e devem tentam replicar situações bem similares ao que podemos encontrar no mundo real. Seriam elas pessoas que chegam super animadas, com voz fina, e chamando o cão. Até mesmo pessoas oferecendo comida servem como ótimas distrações para testar o cão nesse momento.

Nesses testes o cachorro será corrigido se mostrar qualquer interesse na pessoa estranha, ou no que ela tem para oferecer. Muita gente não entende a razão desse exercício e ficam com pena do cachorro. A verdade é; cães que se deixam levar por qualquer distração se tornam cães extremamente difíceis de conduzir em situações sociais, e eventualmente são privados dessa experiência para o resto de suas vidas. Lembrem que o nome do jogo é inclusão! Esse ainda é um cão de serviço, ou seja, ele precisa acompanhar uma pessoa que precisa dele, logo, interação com estranhos não pode ser um evento pra ele.

A idéia dessa prática é criar uma possibilidade de interação, apenas com muita calma e tranquilidade, quando tiver que acontecer, ou seja, caso ele entenda que esse tipo de aproximação só pode ter como resposta sua neutralidade, daí sim, ele poderá receber um pouco de afeto, se caso assim seu condutor permitir. À longo prazo, fazendo essa prática com consistência, isso se torna um comportamento natural do cachorro, e todo esse micro gerenciamento não será mais necessário.

Treinamento Dia 8:

Essa etapa do treinamento é mais importante do muitos imaginam. É o momento do trabalho aonde o cão aprende as regras para sair da caixa de transporte - ou gaiola - para fazer alguma atividade com o condutor. É super normal vermos cães que ficam super agitados nessa situação e tendem a sair correndo da caixa, sem mostrar qualquer respeito às regras estabelecidas.

Fazer o cão esperar é para a própria segurança dele. Considere que num treinamento intensivo, o cão deve aprender a esperar para sair, depois esperar para que os equipamentos de treinamento sejam colocados, para depois seguir para a próxima atividade, sob a direção dada pelo condutor.

Lembrem que nesse momento o cão estará sem a E-Collar e sem a Prong Collar, logo você precisa de um poder de intervenção diferente. Linguagem corporal, usando o corpo para bloquear a saída do cão, é essencial. A própria porta da caixa serve como barreira que você pode fechar para impedir a saída súbita. Correções verbais e movimentos leves para pegar os equipamentos fazem toda a diferença, sempre estando atento à qualquer quebra de regras.

Vejam que Josh compartilha afeto apenas quando Mega está completamente deitado, sem mostrar qualquer sinal de agitação. Não existe espaço para pressa nessa hora, lembre que tudo deve acontecer no seu tempo e não no tempo do cachorro. Se tudo isso for feito rápido demais, lá fora, no mundo real, isso vai custar caro! Vejam também quanto tempo ele dedica com o cão dentro desse ambiente antes de sair - isso é essencial com cães que mostram esse grau de agitação.

Vejam como todas etapas de treinos internos são absolutamente essenciais para vermos um bom resultado no mundo lá fora. Sem esse investimento de tempo e dedicação, em cada detalhe da vida do cão dentro de casa, nada tem sentido no mundo lá fora.

Em breve tem mais atualizações desse processo incrível!