A razão X A solução: os mitos sobre comportamento canino.

Recentemente tenho revisado muitas das informações que hoje são recebidas como certeza na arena de comportamento canino e modificação comportamental. É interessante ver como tanto tempo foi dedicado à detalhar possíveis e hipotéticas razões pelas quais os cães agem de certa forma enquanto que pouco se fala sobre reais soluções.

Nesse artigo eu vou detalhar, de forma bem simples, alguns desse exemplos e mostrar porque a razão do comportamento negativo tem muito menos (se alguma) relevância perto da apresentação da real solução.

Vamos começar falando de coisas simples;

O cachorro que pula nas pessoas: quando esse problema surge imediatamente vemos longas explicações sobre a razão pela qual o cachorro age dessa maneira. Ele é dominante? Ele adora as pessoas? Ele é animado? Ele quer se sentir protegido? Ele está com energia acumulada? Ele não fez exercícios? Mesmo que a razão tivesse um peso maior, será que ela é mesmo tão relevante? Vamos supor que todas as alternativas acima fossem verdadeiras. E agora? Pensar em qualquer solução que não envolva lidar diretamente com o comportamento apresentado, no momento exato, é apenas fugir do problema. A solução aqui é simples: corrigir o ato de pular. Simples e objetivamente.

O cachorro que avança em pessoas estranhas: novamente vemos uma série de hipóteses que variam entre classificar o cão como inseguro, até o famoso enriquecimento ambiental como forma de redirecionar os ataques (quando acontecem dentro de casa). Vejo também muita gente sugerindo oferecer comida para que o cão crie uma boa associação com a pessoa estranha. Mais uma vez toda essa teoria não traz uma solução que envolva aplicar a correção devida no momento do comportamento apresentado. A solução, mais uma vez é corrigir o ato de avançar, clara e efetivamente.

O cachorro que late o tempo todo: Esse é um comportamento que muita gente associa com falta de atividade física e mental. Porém, eu posso atestar que existem milhares de cães pelo mundo que tem uma excelente rotina e ainda assim apresentam esse mesmo comportamento com a mesma intensidade. Novamente a explicação não é a solução. A solução é corrigir o ato de latir de forma clara e efetiva.

Eu poderia detalhar milhares de exemplos similares de modificação comportamental aonde o porque não faz muita diferença, mas a solução envolve correção. É importante deixar claro que todo treinamento envolve motivação, muitas repetições e exímia consistência para se materializar na vida real, mas sem o elemento de correção as regras jamais serão não negociáveis.

Toda a parte de obediência é extremamente válida para criar um padrão de respostas que servem como base de comunicação. Essa base no futuro é absolutamente fantástica, especialmente quando é preciso intervir na modificação comportamental. Tendo isso claro, é importante entender que muitos comportamentos negativos podem e devem ser extintos rapidamente com a aplicação devida de correções, e isso não depende de tempo mas sim de habilidade e efetividade.

Eu reforço mais uma vez a importância dos equipamentos de treinamento nessa hora. Sem eles as pessoas ficam literalmente reféns de sua capacidade física de intervir, o que é muito difícil e não transferível. Vemos esses exemplos quando alguns cães passam por um treinamento com profissionais que fazem tudo de forma manual. Isso é muito bacana, porém, se a mesma habilidade não é transferível para a família todo o processo se desfaz em pouco tempo e o cão volta a apresentar os mesmo problemas anteriores.

O objetivo desse artigo é mostrar que a adaptação de cães na vida doméstica e modificação comportamental não são uma ciência complicada. Basta apenas entender a forma correta de motivar o cão a fazer o que é certo e corrigir efetivamente o que ele faz de errado. Boa parte das famílias só precisam de instrução sobre como colocar tudo isso em prática. Não existem maiores mistérios nem a necessidade de usar termos complicados. É mais bom senso do que qualquer outra coisa.

Se você tem problemas com seu cão, avalie os seguintes pontos;

Comunicação clara: seu cachorro entende o que você quer dele? No lado positivo e negativo?

Prevenção: você está atento aos momentos aonde você deve prevenir situações de risco?

Rotina consistente: você tem uma dinâmica diária que favorece o melhor resultado?

Responda, com total honestidade, essas três perguntas. Eu garanto que as respostas vão se tornar mais evidentes. Depois disso, consulte um profissional habilitado que possa te ajudar a materializar o que você realmente quer. Deixe para trás os mitos, as tendências da moda e a opinião pública. Avalie seu caso, seus problemas e as soluções e lembre, muita gente vai ter uma opinião contrária à sua escolha, mas ninguém vai vir assumir seu lugar, nessa vida, com esse cachorro. Faça suas escolha pensando no melhor resultado para você e seu cachorro. O resto do mundo pode assistir de longe às suas conquistas.