Trabalhando com cães medrosos: direção antes da exposição - Julie's K9 Academy

Olá pessoal! Hoje eu quero explorar um pouco o tema dos cães medrosos, considerando que muitas famílias tem casos assim, que se manifestam normalmente já no primeiro ano de vida do cão. Medo ou insegurança faz parte da fase inicial de descoberta do mundo do cão, mas quando não bem visto, isso pode se tornar um problema bem grave no futuro.

Eu sempre digo que os cães medrosos tendem a ser os mais difíceis de treinar, especialmente na fase adulta, quando todo esse medo já criou respostas habituais no cão, que muitas vezes se manifestam em forma de real agressão, por falta de alternativa.

No texto de hoje eu vou compartilhar com vocês alguns vídeos que mostram um trabalho real com cães medrosos, e como a direção clara faz toda a diferença no processo de reconstrução de resposta desses cães, especialmente na vida doméstica e social urbana.

Esse primeiro vídeo. da empresa Julie's K9 Academy, mostra um trabalho bem minucioso com um Cane Corso, ainda bem jovem, que já demonstra muito medo de quase tudo que se move ou emite sons à seu redor. Esse cão está passando por um treinamento intensivo aonde ele está vivendo com a família, e aprendendo uma nova forma de ver o mundo.

Nesse trabalho o fator primordial está sendo criar um padrão claro de direção, ou seja, uma comunicação clara aonde, antes de qualquer nova exposição, o cão recebe a devida direção sobre o que fazer e aonde ficar. É assim que são usados os comandos de obediência nessa etapa.

Durante o vídeo é possível ver como a idéia do treino passivo (comandos como place, ou deitar e ficar) são de extrema relevância para que o cão possa encontrar a alternativa correta e segura antes de ser exposto aos elementos que desencadeiam suas reações.

Esse cão já passou por várias sessões de prática de comandos assim, com o uso da E-Collar e da Prong Collar, para ter certeza que ele entende realmente o que está sendo pedido dele nesses momentos.

O interessante de ver nessa análise é como todo o processo de exposição só tem sucesso quando primeiro criamos alternativas de respostas em cenários neutros, ou seja, se você quer que o cachorro pare de fugir do barulho da cadeira se movendo, ou do brinquedo que caiu no chão e de qualquer outro som ou movimento, deixar ele livre para tomar essas decisões definitivamente não é o melhor caminho.

O processo de direção começa quando basicamente ensinamos o cão sobre o conceito de existir, ou seja, parar, deitar e relaxar, e simplesmente estar no ambiente de forma inativa. É quando trabalhamos o place, e o deitar e ficar por períodos mais longos, afinal essa será a alternativa válida para momentos de possíveis novas exposições, aonde nós humanos, vamos advogar pelo cão dentro desse espaço ou situação.

Ao longo do vídeo é possível ver o trabalho de movimento em ambientes externos e como as pausas ao longo dos exercícios, aonde os movimentos são mais lentos e mais suaves, mudam a forma como o cão lida com seus medos e inseguranças. É assim que eles aprendem a enfrentar situações diferentes, com a devida direção. Esse vídeo é sensacional já que mostra em detalhes como esse trabalho está sendo construído dentro da vida real de família.

Em todos os vídeos é possível ver como o exercício do place é uma peça fundamental no processo de reabilitação desse cão, já que a resposta automática de cães medrosos é a fuga. Aqui, com uma base sólida e não negociável do exercício, o cão não tem outra alternativa a não ser passar pela situação, porém, de uma forma segura, já que ele está no seu espaço, e o humano está garantindo que todo esse processo terá um resultado positivo.

Saber advogar pelo cachorro é fundamental para que ele supere esses obstáculos, por isso é tão importante preservar o espaço íntimo do cão quando ele estiver fazendo o exercício. Isso se faz permitindo que o cachorro esteja apenas ali, sem interação verbal ou física com pessoas ou outros animais.

Eu sei que muitas pessoas tem dificuldades de ver os cães passarem por esse processo. As expressões de dúvidas e incertezas são claras na linguagem corporal dos cães quando esse trabalho começa, mas isso precisa acontecer. Nenhum processo de superação é leve, nem para nós humanos. Todas as barreiras que precisamos vencer envolvem um certo grau de estresse, mas é assim que nos tornamos mais confiantes.

O mesmo acontece no mundo dos cães. Quando deixamos que eles encontrem conforto no medo e na insegurança, estamos apenas criando um eterna prisão para eles. Cães inseguros e super medrosos, quando não trabalhados, tendem a se tornar cães com uma vida extremamente limitada. Esses são cães que quase não saem de casa, não participam ativamente da vida da família e conhecem muito pouco do mundo lá fora.

Se você tem um cão medroso, não deixe de ver esses três vídeos na íntegra, e com muita atenção. Estão aí excelentes exemplos de como trabalhar com esses animais, um passo de cada vez. Vejam também como os equipamentos certos podem fazer toda a diferença na resposta criada como resultado final, e mais do que isso, como é importante para esses cães ter a devida direção de uma figura que mostra com muita clareza o que é a real liderança. A postura certa, a rotina correta, os equipamentos certos e as práticas devidas constroem sempre os melhores resultados.

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