Cães que pulam nas pessoas
Pular em pessoas pode ser uma característica de comportamento facilmente desconsiderada por proprietários, já que muitas vezes é vista como expressão de alegria e pura animação. Na verdade, para lidar com esse problema, é preciso que o dono, antes de qualquer coisa, reconheça que isso é um problema, e queira encontrar uma solução.
Não é natural para os cães pular em outros cães quando querem cumprimenta-los ou saber mais sobre eles. No mundo canino isso pode ser visto como um comportamento invasivo e desrespeitoso, sujeito a correções graves por parte de outros cães.
Cães que tem esse hábito, normalmente, nunca foram devidamente corrigidos e nunca tiveram a devida orientação de como lidar com pessoas no momento que as conhecem. Nesse contexto, pessoas estranhas, que se aproximam desse cão com muita excitação, tendem a nutrir ainda mais esse comportamento dando bastante carinho e usando muito a voz no momento que o cão pula. É claro que isso só contribui para o problema se agrave ainda mais.
Cães que pulam em pessoas podem gerar desconforto no convívio doméstico e principalmente no social. Um cão educado deve saber respeitar não apenas seu dono, mas pessoas em geral, e pular é um comportamento que pode ser perigoso em pessoas idosas, crianças, mulheres grávidas, pessoas com problemas articulares e ortopédicos etc. Não seríamos bons e respeitáveis membros de nossas comunidades se não soubéssemos como lidar com o outro de maneira educada, e nossos cães, que também fazem parte de nossa comunidade, devem seguir as mesmas regras, e para isso precisamos ser a fonte de orientação e educação para guia-los no caminho das boas maneiras.
Razões que desencadeiam pulos em pessoas:
Falta de estrutura na rotina doméstica – o cão não tem regras ou limites em casa, e mesmo quando fica confinado em algum cômodo ou quintal, não é feita a associação e o condicionamento correto para que ele fique no lugar designado num estado calmo. Quando é solto ele está num grau extremo de excitação, sai correndo pela casa e tem dificuldade em relaxar. Quando pessoas aparecem no contexto, a excitação é tão grande que o cão pula na pessoa e invade totalmente o espaço íntimo dela, sem considerar qualquer reserva que a pessoa possa ter.
Falta de engajamento com pessoas no dia a dia – cães que não fazem parte da rotina de pessoas, normalmente enxergam pessoas apenas como fonte de excitação. Claro que nem todos tem disponibilidade de estar com seus cães o dia todo, porém, o tempo disponível deve ser trabalhado para criar novas associações de convívio com o cão, com muita calma, sem excitação, orientando o cão a como lidar com a presença de pessoas.
Caminhadas não estruturadas – cães que estão acostumados a andar na frente dos donos, puxando na guia e explorando o mundo de maneira excitada e desgovernada tendem a ver pessoas na rua e imediatamente pular nelas. Isso é apenas mais um sintoma da falta de auto controle do cão, mostrando que ele precisa de orientação e educação adequada.
Falta de condicionamento quanto a aproximação de pessoas agitadas – Pessoas que amam cães estão por todo o lado, e quando estamos com nossos cães na rua, ou em outros lugares, é muito comum sermos abordados por pessoas que olham, falam, chamam e excitam nossos cães. Como não podemos controlar o mundo, nossa responsabilidade é condicionar e orientar nossos cães a como lidar com essa energia sem perder o controle. Cães que já tem hábito de pular entram no modo frenético imediatamente diante a essa pessoas. É seu papel como proprietário, guiar seu cão no caminho certo, por isso, sempre avise a estranhos que seu cão está em treinamento e peça que respeitem essa condição evitando o contato com esse grau de agitação.
Podemos ver que pular em pessoas, nada mais é do que um sintoma de excitação, falta de regras e limites, falta de orientação e estrutura de rotina e associações na vida do cão.
Lidar com esses problemas exige muita energia, persistência e paciência. É preciso reavaliar a relação que temos com esse cão, e aonde estão os pontos de desequilíbrio.
Se faça essas perguntas;
Eu dou afeto ao meu cão na mesma quantidade que defino regras e limites?
Eu dou afeto ao meu cão na mesma quantidade que proporciono atividades físicas?
Eu dou afeto ao meu cão na mesma quantidade que proporciono desafios mentais?
Eu dou afeto ao meu cão na mesma quantidade que educo e oriento?
Analise suas respostas e veja por si mesmo se seu convívio com seu cão está equilibrado. Numa relação precisamos tudo na mesma proporção, do contrário, os problemas vão surgir, e para corrigi-los é preciso reconstruir, orientar, definir objetivos e trabalhar para a transformação.
Se você tem dúvidas de como fazer tudo isso acontecer, procure um profissional, explique os sintomas do comportamento negativo do seu cão, e seja honesto, mostrando como é sua realidade com ele. Um bom trabalho de comportamento depende da honestidade e da vontade do proprietário de criar mudanças. Seu cão está sempre pronto para mudar, mas e você?
Hoje vamos falar de treino do “place” e andar junto, na prática, com cães diferentes. Para visualizar esses exercícios, em todas as suas etapas, vou compartilhar alguns vídeos da querida Heather Arthur, da empresa Pawsitively Calm, em Orlando na Flórida, EUA. Se você ainda não se inscreveu no canal dela do Youtube, faça isso já! Ela compartilha vídeos diariamente de todos os alunos, em diferentes estágios de treinamento e situações do mundo real. Vale muito a pena acompanhar o trabalho dela!